Verônica.

E foi a última vez em que vi Rodrigo, jogado ao chão, olhos fechados e boca sangrando.


Brooke Shaden


























No primeiro dia em que o vi era tudo muito bonito e simples, educado e seguro de si. Ele sempre aparentou ser um bom moço, não tardou para eu me apaixonar e o namorar, maldita hora, ou talvez não seja tão maldita, me valeu alguma coisa, aprendi a não confiar mais, ao menos em estranhos. 
Juntei meu espaço ao dele e num momento éramos dois em um, assim eu pensava que era e era. Nosso casamento foi lindo, minhas flores favoritas presentes, margaridas, sempre gostei e ele dizia que o cheiro que vinham delas era meu, elas roubavam de mim. O achava cada dia mais encantador e apaixonante. Nos aceitamos de sim à amor. Nossa noite de amor, sexo, foi claramente prazerosa e esquecível, hoje desejo esquecer, arrancar parte da memória e esquecer daquela noite, a última vez que o vi. Amor havia, mas ele quis provar amor por outra deusa e não era eu sua deusa do momento, mas seu bicho sacrificado. E eu lá sabia que Rodrigo era envolvido nessas coisas? Beijou-me, segurou meu pescoço, tentou me sufocar e eu gritando na parede da carne, fugindo das garras dele de segundo em segundo. Adiantou. Corri em direção a cozinha e peguei a primeira coisa que eu vi, o que provável poderia me defender. Fiz um corte leve em seu braço, mordi seu pescoço e num instante de defesa enfiei a faca em sua barriga, e eu quis? Ele me obrigou, mas tornou-se uma dança e eu fiquei encantada, loucamente com aquela faca na mão que mais parecia um pincel, fiz dele uma obra de arte. O homem que seria o pai de meus filhos agora caía aos meus pés e mentiu. Meus gritos conseguiram chamar alguém, porta abre-se, polícia. Presa por ser seu bicho quase sacrificado, presa por achar lindo os cortes no corpo de Rodrigo. Até hoje eu me pergunto quem era o mais apaixonado, ele com a ideia de sufoco ou eu com o dom da arte de matar?

Um comentário:

Eduardo Rossi disse...

Minha poetisa porreta! \0/