Num grito de silêncio ela se faz...

Confessar as dores não irá me curar do mal, não ajudará a desfazer o feito, deixar de ver o que possuo em minha volta. Eu sei que eu vou entregar dor em cada colo que eu me deitar. E se há ajuda para mim em algum lugar, mantenha-se distante por favor, minha dor é tamanha pode até lhe machucar. Não quero agredir ninguém, dou colo e consolo, carinho e atenção. Queria eu o mesmo, mas o medo de passar a dor é tamanha. Prefiro manter-me em silêncio, no meu silêncio. 
Nunca saberás o que realmente se passa em mim. 

Mirage







































Maria, meu amor.
Ao ver tuas mãos juntas as minhas, teu rosto pálido
e tua boca rubra, tenho a certeza de que os deuses
abençoaram-me com tua vinda até mim.
Sei que sofres, sei que queres meu colo e ele é teu.
Mas tua alma, Maria. Tua alma é tamanha, calma, bela e delicada.
Um sopro de dor ou morte a faz cair,
a faz sentir-se assim, embebedada de dor, de solidão.
Eu estou aqui, pronto a te consolar, a cuidar de teus delírios,
dos vultos e luzes que cercam teu olhar.
Sinta-se bem por aqui, sou eu quem te cuida, Maria.
Eu sempre te cuidei.

Minha volta anda iluminada graças a minha luz,
mas em qualquer deslize de dor ela se cansa e se vai de pouco.
Tenho medo... sinto e vejo.
Amanhã terei que seguir por entre esses becos e beber dessa vida. 

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