Exorcismo amor.

:: uma pessoa apaixonada não enxerga nada, nem cisco e nem céu.

Miguel


























Quando eu te vi sair, levar com você meus pedaços de amor, pensei que não suportaria. Foi o combinado, prometemos que ficaríamos bem e arrumaríamos um jeito de amor, nada do que era antes, já estava machucado e não nos cabia mais.
No começo, quando minhas flores lhe perfumava, era tudo muito lindo, encantado. Depois não demorou pra você me amar. Eu? Tinha medo, uma tolice sem fim. Medo de que eu sofresse mais uma vez, afinal, você queria me curar de um outro amor que passou... passou.
Entendi, entendemos que já bastava, que era melhor seguirmos em paz, mas a vontade de se ver, de estar ao lado nos matava aos poucos. Morria de ódio por estar distante e em prantos, mas assim deveria ser, era o combinado.
Tentamos uma vez e dessa vez não houve jeito. Fui caindo aos poucos, deixando tudo em minha volta áspero e quando vi, você já estava nas nuvens de um novo dengo. E eu? Novamente o "eu", eu fiquei em pó, alimentando-me dos restos que ainda havia de ti, comendo pelas beiras da tua alma pra não te deixar marca alguma, não me serviu de nada.
Iludi-me mais, sonhei alto, apostei... não, não houve outra vez. Viciamo-nos nas nossas carnes e o desejo da pele evoluía noite à noite. Eu matei, você matou, nós matamos. Há quase um mês você sumiu e eu tentei reagir em mim, cuidar do que me sobrou, não em ti. E nesse pouco tempo eu desaprendi a juntar suas coisas em mim, a cantar seu nome, a sentir sua presença. Eu precisava desaprender, por mim, pela minha luz, eu já estava me destruindo e matando meus amores, meu ar. Quem suportava mais meu penar, quem suporta?
Me calei e levantei.
Hoje ninguém sabe do que se passa, ninguém pergunta. E a minha aparência física transmite a segurança ideal para que você, ele ou elas, todos entendam que estou bem e estou. Minha terapia atual são os livros, as palavras, os cafés, cigarros, noites de sono, dias sem preocupações. E assim vou me cuidando.
Teus cacos dessa vez lhe devolvo, mas é pra valer. Leve tudo, porque descobri que não quero mais, não gosto mais do teu gosto, não respiro teu cheiro... não o amo mais.
Só agradeço por manter-se distante de mim, talvez foi por medo, eu juro que pensei isso, mas medo de entregar-se e enganar sua dona. O engano maior é o teu, é tu enganar-se em troca de tão pouco. Mas tua distância pode ser falta de tempo, pretexto, tristeza. Eu prefiro acreditar que foi necessário, ideal.
Agora digo de alma limpa, apareça! O café está pronto e eu renovada.

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