Tarde agosto.

Juliana Moraes

Sinto-me incerta.
As pessoas lá fora parecem não existir, 
e aqui dentro a afirmação da minha existência
faz-se concreta e absoluta a cada pensar meu.
Parece absurdo, mas torna-se distração para
que a loucura não invada a alma, ainda resta 
algo bom pra se contar em mim, números vãos.
Sinto os erros desesperados de possuir tudo o 
que não possuía-me sabor de volta ou partida. 
O feio foi ter escolhido as minhas palavras para
tentar dizer o quanto eu sentia e ainda queria.
Aparta-me de mim, pois já não sei ser eu, um
lado oposto, sólido e cansado de estar só. 
Por longe da tua alma sou outra metade que de
metade não sabe viver, vejo o futuro de morte e 
ponho-me aos teus pés, suplico teu outro lado, 
a tua metade, para que não sejamos mais os estranhos
de nós mesmos. Matando o que criamos, nossa união
de amor, jurada naquela árvore que você derrubou 
por falta de coragem.
Aproveite enquanto há, ou parta-nos ao meio e leve 
a metade de ti, porque a minha metade será só saudades. 

Um comentário:

Glauber disse...

Somos todos despedaçados pelo espelho.