A menina do castelo.


Ela continua num castelo, o mesmo que foi criado por sua mãe como modo de proteção. Mas o que se cabe de sentimento na menina é desejo de liberdade. Hora ela sopra teus ventos de desabafo a coisa nenhuma, hora adormece em meio a lágrimas por sentir-se tão só e presa nas garras da proteção. Maldito seja!
Ela esforça-se para comer, tenta participar de todas as refeições em família. No café da manhã tenta deixar o rosto pálido para que chame a atenção de alguém, para que alguém diga-lhe "Estas enferma!". Mas nada acontece. 
Esforça-se no almoço e a unica coisa que consegue ingerir é arroz e batatas, sim, ela sempre gostou de arroz e batatas. Esforça-se para lavar a louça com sua mãe, esforça-se no lanche da tarde e as 16h tenta equilibrar a mente e manter-se atenta a professora de canto, a senhorita Elizabethe. 
Ela canta um, dois, três e desmaia de tédio. Pede tempo, água e mais uma vez esforça-se.
Ela cansa-se desse mundo de esforços, de obrigações e proteções cruéis  Imagina-se em um lugar distante, cheios de borboletas verdes, gatos azuis, pássaros que cantam canções de ninar, árvores monstruosas por tamanho inimagináveis... ela devora! 
Deita-se na grama e pede fruta, morde e sente o verdadeiro gosto da fruta proibida que seu pai havia lhe contado. Observa o céu, ele possui nuvens amarelas e lilas. Ouve um rio que corre por perto e sente cheiro do que mais lhe agrada.
Todas as noites a menina deixa-se levar por ela a esse lugar distante. Ela nunca cansa de ser o que realmente deveria ser, longe da proteção de sua mãe. 
                                                                                                                      "... e você assim, observe!"

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