Não fui o teu esperado,
teu sonho perfeito em madrugada branda.
Fui o terror de teus cachos,
a discórdia de teu lar, a separação de seus afins.
Não fui programada pra ser eterno,
nem perfeição caberia em mim, não creio.
Fui desumana e absurdamente víbora.
Hoje sou o veneno que escorre de tua boca
e que de boca em boca falece todo o ar.
Onde passar deixarei destruição,
porque eu me tornei o monstro do teu,
do meu, do nosso armário.
Sinto.
A necessidade é tamanha, alguém precisa
(deve) ser o cruel, o mau e restou a mim
função, só cabia a mim.
Eu, criatura imperfeita e infiel.
Sangro e sofro pelo mal que causo,
só nos falta compreensão.
Tentar entender os motivos não me levará
a cruz mais uma vez.
Perdão!
Perdão!
Um comentário:
a dor, o sofrer em palavras... Belo texto denso...
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