Racional.

Sara Teresa

Tão racional, delinquente e prospera.
As vagas estão todas completas e 
os gestos, gostos e danificações morrem,
desaparecem junto, deformado feito cinza,
feito cão de fome que guarda desejo.
Tão somente seu, inútil.
Arrependo-me por guardar tanto amor,
adoração e laços... flores.
Entrego minhas flores mortas ao amor
que um dia amou e foi todo por si, 
mas hoje torna-se o egoismo perfeito
de ser e querer imperfeição, querer pena.
Morra de vez e leve em si sua parte, a outra
metade que guardamos e deixe-me.
O vento que vem, vem e vem.
Nunca mais canção, nunca mais o tudo,
o todo e o nada. Nunca mais palavras!
Dedico meu tédio e ponho em ti os meus
desejos e quereres perdidos. 
Foi decepção em mim, desgosto e fracasso.
Eu morri por ti, dei alma. Agora não mais!
Levanto-me e busco o meu, o que ainda 
resta em mim, felizmente racional.

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