A caixinha.

Brooke Shaden
























Beatriz prometeu. Jurou que guardaria todas as cartas em um lugar no qual sua mãe nunca tivesse acesso algum, um lugar que seu pai jamais passaria por perto e ela fez assim. 
Guardou as cartas em uma caixinha, presente de sua vó quando tinha cinco anos de idade. Nas primeiras semanas escondeu a caixinha em baixo da cama, mas notou que sua mãe tinha o costume estranho de olhar todo seu quarto. Decidiu esconder na varanda da casa e o esconderijo só durou um dia, temeu por visitas. Escondeu a tal caixinha na cozinha, nos aposentos de visitas, na biblioteca, em baixo de mesas, das cadeiras de canto e até mesmo dentro de um jarro que seus pais ganharam de presente de casamento. 
Escondeu, escondeu, escondeu... decidiu dar fim na caixinha. 
Pegou uma pá e partiu rumo ao jardim da casa. Cavou, cavou, cavou e enterrou lá. Voltou pra casa satisfeita por saber que ali ninguém encontraria, ninguém saberia seu segredo. Passaram-se dias, semanas, meses, anos, décadas... e lá a caixinha ficou.
Num dia desses de pouco sol e vento bom que leva cheiro das flores pra onde for, Dona Beatriz decidiu cuidar do jardim com seu neto Pedro. Contente o menino estava, contente a família não ficou quando descobriu por curiosidade de Pedro a caixinha. Leu-se as cartas, todos da família choraram, emocionaram-se com tantas palavras e por fim o decreto final do filho mais velho, o Antônio: - Decepção, mamãe. Não lhe dou surra por ser pecado tocar de mal gosto na própria mãe, não quero ir para o inferno. Depois de todas essas cartas posso encontra-la por lá. 
A Beatriz quis explicar-se, mas a Dona Beatriz não suportou palavras do filho e foi ler suas cartas ao diabo.

                                                           Dedicado as minhas flores cheias de suas cartas. 

Nenhum comentário: