Papel não diz.

Bo Fransson




































Olho papel, papel olha.
Boca não diz, não envergonha e nem comporta.
Pensamentos vão, vontades minhas e boca não sangra,
não fala, não fere e papel olha.
Branco, preto, amarelo, azul... folha molhada.
Devaneio nos pensamentos e vai de mim tudo.
Aquilo que acreditei não resta nos dedos e o papel
continua úmido, as brasas de rios.
Navegando a menina apanhadora de si rabisca
folha ou vida e diz estar, mas parte a cada noite.
Derrama-se em silêncio e papel olha.
Boca não diz, olho não pode, dedos estão,
ouvidos atentos e o papel... o maldito papel
não pode mais salvar meus olhos d'água, minha alma.

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